domingo, 18 de dezembro de 2011

A Vocação de Um Professor da Escola Biblica Dominical

A Vocação de um professor da Escola Bíblica Dominical
Uma das lições que aprendemos com Jesus é a escolha da sua equipe. Quando recrutou seus discípulos, Cristo escolheu homens não pelo que faziam (ofício) ou pelo que tinham (posses), mas pelo que queriam (objetivo). O mais importante era que seus discípulos tivessem duas características marcantes: vontade de aprender e desejo de ensinar. Deveriam estar dispostos a darem tudo de suas vidas pela Missão.
Aparentemente, as pessoas escolhidas por Jesus para serem seus discípulos não tinham muito a oferecer. Robert Coleman escreve: “O aspecto mais revelador sobre aqueles homens é que, a princípio, nenhum deles impressionava. Ninguém ocupava posição de destaque na sinagoga, e nenhum deles pertencia ao corpo sacerdotal levita. A maioria era formada por trabalhadores comuns, e provavelmente não tinha qualquer qualificação além do conhecimento básico necessário para o exercício de sua profissão. Talvez alguns pertencessem a famílias abastadas, como os filhos de Zebedeu, mas nenhum deles poderia ser considerado rico. Não tinham formação acadêmica nsa artes e filosofias daquele tempo. Assim como o Mestre, a educação formal que receberam consistia apenas no que se aprendia nas escolas das sinagogas. Muitos cresceram na área mais pobre em torno da Galiléia”.[i]
Portanto, os homens recrutados por Jesus eram pessoas simples, sem qualificação e, em primeira instância, inaptos para a função. Mesmo assim, Cristo viu neles potencial de liderança para o Reino.
O primeiro passo, rumo à multiplicação de talentos na igreja, consiste na localização dos aspirantes ao ensino. Deve-se saber, a priori, quem são as pessoas interessadas em trabalhar com a Escola Dominical, pois, assim como qualquer função eclesiástica, o ensino da Palavra de Deus requer uma atitude voluntária e espontânea. A liderança deve necessariamente escancarar as portas para as pessoas vocacionadas, interessadas e completamente comprometidas em levar conhecimento ao próximo e fechá-las para os desinteressados e descomprometidos. Pois, infelizmente, temos visto constantemente novos professores que são “jogados” em algumas salas de aulas, os quais não possuem vocação, tampouco qualificação.
Recrutar professores para a Escola Dominical não é das tarefas mais fáceis. Marcos Tuler[ii] assevera que “a maior dificuldade, por incrível que pareça, reside na indisponibilidade dos recursos humanos ou na imperícia e insensibilidade para lidar com eles“. Segundo Tuler, os professores devem ser escolhidos com base na vocação, aptidões específicas e na chamada divina para o magistério cristão.
Segundo Lécio Dornas “não basta saber a lição ou dominar as técnicas de ensino; é necessário saber o caminho da cruz e ter coragem para chegar-se aos pés de Jesus em oração, dia após dia. O professor é, antes de tudo, um adorador e um servo dependente em tudo do Senhor”.[iii]
Portanto, atuar como educador cristão não é uma questão de gosto, muito menos de conveniência, mas sim de vocação. O apóstolo Paulo escreveu: “Cada um fique na vocação em que foi chamado.” (I Co. 7.20)
1. O que é vocação para o ministério do ensino?

A palavra vocação vem do latim vocare que significa chamado. Segundo a Bíblia, todo cristão é chamado segundo o propósito de Deus (Rm. 8.28); para ser de Cristo (Rm. 1.6); e para a comunhão com Ele (1Co. 1.9). Esse é o chamado geral que atinge a todo aquele que aceitou ao Senhor Senhor. Como define Os Guinnes “O chamado é a verdade com que Deus nos chama para si mesmo tão decisivamente que tudo o que somos, tudo o que fazemos e tudo o que temos é investido com devoção especial, dinamismo e direção vividos como resposta à sua convocação e serviço”.
Por outro lado, existe a chamada específica, onde o cristão é vocacionado para atuar em uma determinada área da obra do Senhor. Nesse caso, como leciona Luiz Alves de Mattos “vocação é a propensão fundamental do espírito, sua inclinação geral predominante para um determinado tipo de vida e de atividade, no qual se encontra plena satisfação e melhores possibilidades de auto-realização”.[iv]
Em relação ao ensino cristão, a vocação revela-se como um conjunto de predisposições; preferências, atitudes e ideais de cultura e de sociabilidade[v], de forma que o cristão vocacionado para o ministério de ensino apresenta algumas características que o distigue dos demais.
2. Características do professor vocacionado
2.1.Um forte amor pelo ensino
Em primeiro lugar, o cristão vocacionado possui um desejo ardente pelo ensino. Ele está constantemente buscando meios de ensinar algo aos seus semelhantes. Não somente acerca da Bíblia e da vida cristã, mas sobre todo o conhecimento que dispõe, e em qualquer área da vida.
Quem foi chamado para ser professor não tenta esconder aquilo que sabe. Ele não age como um avarento intelectual, pelo contrário, instruir as outras pessoas é o que o faz feliz. Ensinar coisas novas ao próximo é o combustível da sua vida.
2.2.Um forte amor pelo aprendizado
Essa segunda característica é uma decorrência da primeira. Quem ama o ensino, ama o aprendizado. Isso porque somente se ensina aquilo que se sabe. Somente se oferece aquilo que se tem. Como escreveu Howard Hendricks “quem pára de crescer hoje, pára de ensinar amanhã. Hendricks chama isso de a “lei do professor”:
“A idéia implicita nessa lei é a de que, antes de ser professor, sou um aprendiz, um estudante ensinando estudantes. Estou dando continuidade ao processo de aprendizagem. Ainda estou a caminho de minha meta. E, vendo-me como estudante ao desempenhar meu papel de mestre, vou encarar o processo didático por um ângulo totalmente novo e pessoal”.[vi]
Assim, o vocacionado ao ensino está constantemente em busca de novos conhecimentos. Está sempre em processo de aprendizagem.
Alguém pode perguntar: o amor pelo aprendizado não seria a primeira, e não a segunda característica de um professor? A indagação é pertinente, mas permita-me dizer que essa alegação é igual a denorex: “parece, mas não é!”. No caso do professor, a sua motivação para o estudo não é o conhecimento em si mesmo. O que o move a aprender é o “o quê” ele fará com esse conhecimento, ou seja, instruir outras pessoas. O que importta para ele não é quantidade do conhecimento, mas sim o que será feito esse conhecimento. Quanto mais os alunos necessitam, mais ele estuda.
2.3.Um forte amor pela leitura
O professor vocacionado para o magistério é, naturalmente, um estudioso, um leitor assíduo, com sede de novos conhecimentos, capaz de entusiasmar-se pelo progresso da ciência, da cultura ou dos valores que quer transmitir.
Um professor que menospreza o saber, as constantes necessidades e oportunidades de aprender coisas novas, com certeza não conseguirá impregnar em outras pessoas o desejo de ser um profícuo estudioso das verdades bíblicas e nem tampouco da cultura em geral.
Quando alguém menospreza a importância do conhecimento teológico, indubitavelmente esta pessoa ainda não está preparada para exercer o seu papel com pleno vigor, pois o ensinador ou educador cristão necessita destes conhecimentos para levá-los aos alunos, e despertar a compreensão na mente dos mesmos.

2.4.Um forte apego ao relacionamento pessoal
Mostre-me um professor que não gosta de se relacionar com seus alunos que lhe mostrarei um professor sem vocação. Marcos Tuler diz que “a educação e o ensino são fenômenos de interação psicológica e social, por isso, exigem comunicabilidade e dedicação à pessoa dos educandos e aos seus problemas”.
2.5.Um forte amor pelas almas:
O autêntico professor importa-se mais com a pessoa do aluno que com a frieza do conteúdo e do currículo. Ninguém se importa pelo que temos a comunicar, a não ser que perceba que o nosso interesse está centrado nele pessoalmente.
A prática docente nos mostra que a escolha de um professor favorito baseia-se num relacionamento pessoal, numa interação com os ouvintes e não na simples capacidade para ensinar.

3. CARACTERÍSTICAS DO BOM PROFESSOR
3.1.Temperamento: Pessoas com temperamentos egocêntricos, fechadas, incapazes de se abrir e manter contatos sociais comuns com determinado grau de calor e entusiasmo, não estão talhadas para a função do magistério. O professor deve entusiasmar-se com seu trabalho de modo que contagie seus alunos.
O professor vocacionado alegra-se pelo que faz e sente-se frustrado quando não consegue dar uma aula de forma satisfatória.
3.2.Saúde e equilíbrio mental: Que tipo de ensino daria um professor com saúde comprometida ou desestruturado mentalmente? Confiaríamos a ele o ensino cristão às nossas crianças e adolescentes?
Estaria apto a ensinar as doutrinas e princípios bíblicos da fé? Certamente tal pessoa estaria desprovida das qualificações necessárias ao ofício.
3.3.Boa apresentação: Como cativar a atenção de um aluno que não consegue deixar de reparar a negligente aparência de seu professor? Posturas e aparências desleixadas ou insinuantes costumam chamar mais a atenção que qualquer assunto interessante. Saber apresentar-se bem é uma prerrogativa de pessoas que usam o bom senso.
3.4.Voz firme, agradável, convincente: A voz do educador deve expressar sua convicção sobre tudo o que ensina. O professor que fala demasiadamente baixo, vacilante e pelos “cantos da boca“, via de regra está inseguro acerca do que sabe ou possui alguma deficiência física. Isto logo será percebido pelos alunos.
3.5.Linguagens fluentes, claras e simples: vejamos alguns cuidados com a linguagem:
- A linguagem didática deve ser acessível aos alunos, adequada ao seu nível intelectual;
- A linguagem deve ser simples, não havendo necessidade de usar frases difíceis;
- Deve ser direta, ou seja, tratar objetivamente o assunto abordado;
- Linguagem gramaticalmente correta. Evite a pronúncia errada de palavras do dia-a- dia, que são de fácil correção;
- Ter cuidado com termos ou expressões, evitando o uso de gírias ou palavras vulgares;
- A linguagem deve ser expressiva. Usar o bom humor;


Valmir Nascimento Milomem Santos é graduado e pós-graduado em Direito. Presbítero da AD. Cuiabá/MT. Editor dos blogs www.comoviveremos.com e www.ensinodominical.com.br / Colunista do CPADNews www.cpadnews.com.br

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