sábado, 7 de julho de 2012

No mundo dos medos

“Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir,clamou:

Senhor, salva-me.” ( Evangelho de Mateus, 14.30)



No mundo dos medos todos são iguais. Gostam de fugir do novo, do diferente e do incomum. No mundo dos medos, não obstante sejam todos iguais, não há confiança e fidelidade - estes sentimentos só nascem quando os medos vão embora... O Apóstolo João até escreveu que o 'verdadeiro amor lança fora o medo'. A segurança nasce no amor, mas a insegurança nasce no medo.

No mundo dos medos ninguém gosta do mistério e da aventura. O mistério, pensam os moradores deste mundo, sempre guarda os monstros. No mundo dos medos não há lugar para a escuridão e para o silêncio. Na escuridão e no silêncio moram os medos e, portanto, a insegurança. Bom mesmo é a luz e o barulho que afastam os medos e, por isso, traz a segurança.

Conhecemos muitos habitantes do mundo dos medos. Eles sempre estão ocupados, sempre correndo, sempre procurando estar sem tempo porque têm medo de que, “sobrando” tempo, os medos os ataquem ferozmente.

Viver no mundo dos medos não é nada fácil. A tensão que resulta na falta de confiança torna os habitantes muito preocupados, ansiosos, nervosos... Mas como desconhecem a segurança que pode haver também no silêncio e no mistério, acabam por se contentar com o seu mundo pela infeliz falta de opção.

O mundo dos medos está bem próximo de todos nós. As pessoas têm medo daquilo que podemos fazer quando temos medo. Temos medo da solidão, da rejeição... ah! estes dois medos são universais, porque é necessidade básica de todo ser humano ser amado e aceito pelos demais.

Com o medo, que resulta na insegurança, nos armamos. As armas que demonstram nosso poder, na verdade revelam nossos medos. Não apenas as armas que matam, mas também as armas que excluem, que exploram... As armas podem ser nossos preconceitos, nosso orgulho, nossa religiosidade, nosso conhecimento, nossa fome pelo poder e riqueza...

Não podemos lidar com o medo externo se não lidamos com o medo interno. Não podemos porque não são diferentes, mas idênticos. Em se tratando do mundo dos medos, todos nós um dia (ou várias vezes no dia) iremos visitá-lo... Mas podemos ser libertos do medo neurótico quando aprendemos que mesmo no mundo dos medos, o Bom Pastor nos acompanha... “ainda que ande pelo vale da morte, não temerei mal algum, porque Tu estás comigo...” (Salmos, 23.4).

Neste tempo em que somos tentados a fazer constantes romarias ao mundo dos medos, precisamos nos lembrar da segurança que temos no Bom Pastor, que cuida das Suas ovelhas quando o medo as procura para lhes tirar a vida abundante.



Rev. Ézio Martins de Lima

Igreja Presbiteriana Independente Central de Brasília - DF

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