sábado, 2 de julho de 2011

Nossa capacidade vem de Deus

Nossa capacidade vem de Deus

Mas acima de tudo , ele sobressaiu na oração. A profundidade e a gravidade do seu espírito, a reverencia e a solenidade das suas maneiras e comportamento. A raridade e a plenitude das suas palavras impressionaram muitas vezes até os estranhos e estes se admiraram como essas coisas traziam consolo aos outros. O quadro mais imponente , vivo e reverente que jamais senti ou contemplei , devo dizer, foi sua oração . E verdadeiramente ela era um testemunho. Conheceu e viveu mais perto do Senhor do que qualquer outro, porque aquelas que o conheceram mais, têm maior razão para aproximar–se d”Ele com reverência e temor.

As bênçãos mais dóceis , por uma leve perversão, podem produzir o mais amargo fruto. O sol dá vida , mas as insolações matam. Prega-se para dar vida: mas só pode obter morte. O pregador possui as chaves:tanto para fechar como para abrir. A pregação é uma grande instituição divina para a semeadura e o amadurecimento da vida espiritual . Quando convenientemente executada, seus benefícios são incalculáveis; quando erradamente realizada, nenhum mal pode superar seus resultados danificadores. È fácil destruir o rebanho, se o pastor for incauto ou o pasto destruído; é fácil capturar a fortaleza, se as sentinelas estiverem adormecidas ou o alimento e a água for envenenados. Investido de tais graciosas prerrogativas , exposto a tão numerosas e graves responsabilidades, seria uma caricatura da astúcia do diabo e um libelo contra seu caráter e reputação . se este não empenhasse suas influencias mestras para adulterar o pregador e a pregação. Em face de tudo isto, a exclamação de Paulo “ para estas coisas quem é idôneo”? não está fora do propósito.
Paulo diz: “A nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser ministros dum novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica .” ( 2 Co.3:5,6) O verdadeiro ministério é ungido por Deus, capacitado por Deus e formado por Deus. O Espírito de Deus está sobre o pregador, ungindo-o de poder, o fruto do Espírito está no seu coração, e o Espírito de Deus vitaliza o homem e a palavra; sua pregação dá vida; dá vida como a ressurreição dá vida; concede vidas como a primavera desperta vida; outorga vida ardente como o verão dá vida ardente; dá vida frutífera como o outono dá vida frutífera. O Pregador que ministra vida, é um homem de Deus, cujo coração tem sempre sede de Deus, cuja alma está buscando a Deus continuamente, cujos olhos estão postos em Deus, a carne e mundo foram crucificados e seu Ministério é como a corrente abundante de um rio que dá vida.
A Pregação que mata não é uma pregação espiritual. A capacidade de tal pregação não vem de Deus. Fontes inferiores e não Deus lhe deram energia e estimulo . O Espírito não se manifesta nem no pregador nem na pregação. Muitas espécies de forças podem ser projetadas e estimuladas pro pregação que mata, elas não são por forças espirituais. Podem assemelhar-se a forças espirituais, mas são meramente sombras e falsificações; podem parecer que tem vida, mas esta vida está magnetizada. A pregação que mata é da letra; pode ter bela forma e ordem, mas continua a ser letra, letra rude e seca, casca nua e vazia. A letra pode ter nela o gérmen da vida, mas não tem a aragem da primavera para despertá-la; são sementes do inverno, tão duras quanto o solo hibernal , tão gélidas como o ar de inverno, e por elas não se derretem nem se germinam.
A pregação da letra contem a verdade. Mas ainda que verdade divina, sozinhas não possui energia vivificante; deve ser revigorada pelo Espírito de Deus, embora tanto quanto ou mais do que o erro. Pode ser uma verdade sem mistura; mas, sem o Espírito , o seu matriz e o seu toque são mortais; sua verdade, erro; sua luz, travas. A pregação da letra não é ungida nem suavizada e nem lustrada com óleo pelo Espírito. Pode haver lágrimas; lágrimas, porem , não podem por envolvimento a maquinaria de Deus; as lágrimas podem ser apenas uma brisa de versão sobre um iceberg coberto de neve, só derrete a superfície e nada mais. Podem haver emoção e ardor , mas é a emoção de um ator e ardor de um advogado. O pregador pode sentir o entusiasmo do seu próprio brilhantismo, ser eloqüente sobre sua própria exegese, ardente para transmitir o produto de seu próprio cérebro; o professor pode usurpar o lugar e imitar o fogo de um apostolo; cérebros e nervos podem tomar o lugar e simular a obra do Espírito de Deus, e com estas forças a letra pode irradiar luz e brilhar como um texto iluminado, mas o brilho e a centelha serão tão destituídos de vida como o campo semeado de pérolas . Um elemento mortal jaz atrás das palavras, do sermão, da ocasião, dos modos de ação.
O maior obstáculo está no próprio pregador. Não traz em si mesmo as forças poderosas que produzem vida. Pode não haver desconto na sua ortodoxia, honestidade, pureza ou ardor; mas, de algum modo, o homem , o homem interior, no intimo, nunca se quebrantou e sujeitou a Deus, sua vida interior não é uma grande via para a transmissão da mensagem de Deus, do poder divino. De alguma forma, é o ego e não Deus quem governa o santo dos santos. Em algum lugar sem que disso tenha consciência, algum elemento espiritual incondutível tocou no seu interior e a corrente divina foi detida. Seu interior nunca sentiu o quebrantamento espiritual completo, sua total incapacidade; nunca aprendeu a clamar com um clamor indizível se desespero de si mesmo e impotência própria , até que venha o poder se Deus e o fogo divino o encha, purifique e torne capaz . O amor-próprio e aptidão própria, de alguma forma perniciosa, profanaram e violaram o templo que devia estar consagrado a Deus.
A pregação vivificante custa muito ao pregador; morte do ego, crucificação para o mundo, iluminação da própria alma. Só a pregação crucificada pode dar vida. E a pregação crucificada pode vir de um homem crucificado.

Este texto foi retirado de um livro da série “Pequenos Clássicos Evangélicos” publicado pela Imprensa Batista Regular do Brasil, não tenho em mãos o nome do livro e nem do autor

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